Tabuleiro Social
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.



 
InícioInícioÚltimas imagensTorneios de Xadrez OnlineDownloadsJogarRegistarProcurarEntrar

 

 Entrevista com Pablyto Robert, ex-presidente da CBX

Ir para baixo 
AutorMensagem
Eder Appel

Eder Appel


Idade : 37
Posts : 420
Agradecido : 35
Cadastrado : 03/08/2011
Santa Catarina

Entrevista com Pablyto Robert, ex-presidente da CBX Empty
07032013
MensagemEntrevista com Pablyto Robert, ex-presidente da CBX

Entrevista com AI Pablyto Robert, ex-presidente da CBX


Entrevista com Pablyto Robert, ex-presidente da CBX Pablyto+Robert

De dezembro até agora, preparamos uma entrevista com o AI Pablyto Robert, mais conhecido por ter sido o último presidente da Confederação Brasileira de Xadrez, que recentemente abriu mão do seu cargo para Darcy Lima tornar-se presidente novamente neste mandato que começou em 2013. Pablyto foi extremamente amigável e respondeu as perguntas com clareza e respeito. Algumas questões são deveras conturbadas e agradecemos a paciência que Pablyto teve para responder todas as perguntas... Aproveite!


Equipe Tabuleiro Social: Boa tarde, AI Pablyto Robert. Primeiramente, a equipe Tabuleiro Social deseja-lhe sucesso em seu futuro, após seu anúncio público de prezar por seus planos pessoais, abdicando então de cargos na Confederação Brasileira de Xadrez. Essa é uma atitude louvável e que é pouco vista em nosso universo enxadrístico, onde as pessoas que estão no poder raramente saem por vontade própria.

AI Pablyto Robert: Boa tarde, pessoal! Agradeço imensamente os votos. Eu nunca quis "poder", minha vontade sempre foi contribuir. Infelizmente, no meio, estamos habituados a ver muitos dirigentes com esse espírito de apego a "poder" e pouco espírito contributivo. Se a minha situação agora é de pouca disponibilidade contributiva, tenho que abrir espaço para quem o possa desempenhar com maior dedicação. E tenho convicção de que o GM Darcy Lima tem essa disponibilidade e vontade de fazer as coisas acontecerem.


TS: Vamos então às perguntas. Você disse em seu anúncio oficial, que apoiaria qualquer chapa que a diretoria criasse, vimos na Assembléia que foram criadas duas chapas da situação, uma encabeçada pelo GM Darcy Lima e outra pelo atual Vice Financeiro Charles Moura Netto. Além do mais, pouquíssimas pessoas da comunidade enxadrística, sabiam quais eram os candidatos a presidência e um número ainda menor da chapa de Charles. Sendo que esse é um fato inédito nas eleições presidenciais da CBX, você saberia informar ao público os motivos, ou ao menos sua opinião, sobre a criação dessas duas frentes?

Pablyto: Pois é, eu não me envolvi no processo, deixei a diretoria livre para a escolha e a própria diretoria resolveu dar duas opções à AGO. Não perguntei quem seria e não dei opinião. Eu mesmo só descobri que o Darcy era o candidato porque o Leandro me enviou um e-mail solicitando saber se havia chapa concorrente a dele na eleição. Na segunda-feira antes da eleição eu liguei e falei com o Jhonny, que fica bastante na sede e ele me disse que havia recebido 2, a do Leandro e a do Darcy. Nem me ocorreu perguntar se outra pessoa poderia ter recebido outras chapas. Fiquei sabendo da existência da chapa do Charles no dia da eleição. Realmente eu não quis me envolver e dá para entender, a decisão de não continuar foi muito próxima da eleição. Não foi fácil admitir que não poderia continuar a trabalhar pelo esporte que amo. Deixar de lado boa parte do convívio com os atletas, etc. Doeu tomar esta decisão. Assim, o quanto eu pude evitar entrar no assunto eleição, eu evitei, para não reviver o processo decisório. Os candidatos não precisam se apresentar a toda a comunidade, eles se apresentam a quem julgam necessário no momento da eleição. Eu, quando fui candidato, informei à comunidade com 10 meses de antecedência. O Presidente que me antecedeu só se apresentou candidato na AGO, tanto que eu enviei uma procuração imaginando que elegeria o Darcy presidente para 2005/2008 e recebí a notícia que o eleito foi o Sérgio Freitas, único candidato naquela eleição (e excelente presidente, diga-se de passagem). Acho que inédito foi o fato de termos 3 concorrentes e todos eles de última hora praticamente, já que até meados de Outubro eu nem sequer cogitava pensar em não seguir e ninguém se apresentou para o debate (para o qual eu havia me colocado à disposição em entrevista concedida à Rádio Xadrez, em Abril deste ano).


TS: Não sabemos ao certo quem é o responsável pela organização das eleições, mas é fato que o público pouco a acompanhou. Analisando esse problema, além de ter havido uma divulgação pública massiva dos prazos de inscrições apenas dias antes do fim, na sua opinião, como você viu todo esse processo? Você entende como normal a baixa participação dos enxadristas nessas eleições? Não haveria formas de melhorar para a próxima?

Pablyto: Inegável que o Estatuto confere ao presidente a convocação da AGO, segundo as regras legais e estatutárias. Fizemos além do que a Lei determina, pois a primeira publicação foi com 31 dias de antecedência, quando o mínimo seria 30 (é pouco, é, mas todo mundo convoca no limite extremo). Além disto, no dia seguinte colocamos o edital na sessão de downloads da CBX. Algumas pessoas me perguntaram a data, eu informei. Achei estranho que ninguém estava falando da eleição e resolvi soltar um comunicado no dia 20 e soltar no facebook da CBX e no Twitter. Quando o fiz, contando o dia do aviso, eram 10 dias para as inscrições das chapas. Considerando que chapas para eleição não são normalmente decididas com a publicação do edital (o qual foi publicado com 31 dias de antecedência), mas sim no decorrer do ano, o prazo era mais do que suficiente.

Sobre a baixa participação dos enxadristas, acredito que se deu pela falta de participação dos próprios candidatos. Veja bem, como eu era tido como candidato à reeleição, o Darcy e o Charles não fizeram campanha durante o ano. A chapa de oposição só se apresentou à comunidade a poucos dias da eleição. É fácil perceber o motivo dessa baixa participação, não havia debate, não havia candidatos, etc. A única forma de se aprofundar debate na próxima eleição é a apresentação antecipada das candidaturas. Acho que em toda a história da CBX apenas na minha eleição houve isto. Eu me apresentei em Fevereiro e o Vescovi em Julho/Agosto, salvo engano. Fomos entrevistados em momentos diferentes por um site, as pessoas comentavam no Orkut e fóruns, enfim, com apresentações antecipadas, houve uma participação maior da comunidade enxadrística.


TS: Em uma conversa pessoal com um dos membros da chapa de oposição “Novos Rumos”, você disse: “não me furto a dizer o porque todas as propostas da chapa de vocês eram furadas e sem nenhum fundamento”. As cartas abertas da chapa foram divulgadas massivamente pela internet e podem ser encontradas AQUI. Você poderia nos explicar esta afirmação?

Pablyto: Em primeiro lugar, quero deixar claro que tentei não influenciar ninguém durante as eleições e só aceitei comentar agora sobre as propostas da Chapa Novos Rumos porque a eleição já passou e minhas opiniões técnicas não vão mais influenciar ninguém. No rol de propostas há aquelas que possuem a essência de proposta, mas há aquelas que não são bem "propostas", são meras questões administrativas sem maior relevância e sem qualquer impacto para a comunidade enxadrística. A minha frase se aplica às que guardam realmente a natureza esperada de sua nomenclatura. De qualquer forma, falarei de todas, já que esta é a proposição deste bate-papo. Vamos a elas:

“Propostas para as Federações:
Aumento do percentual de repasse às Federações para 50% das taxas de jogadores filiados.

Por quê? Para fortalecer e dar autonomia financeira às Federações.”


Na atual circunstância, em um esporte onde patrocínio é algo raríssimo, fica inviável repassar 50% da arrecadação com anuidades para as federações. Aliás, a CBX deve ser a única Confederação Brasileira que repassa parte das anuidades dos atletas às federações estaduais. Vale comentar que o repasse não é estatutário, mas sim um prêmio àquelas que cumprem com o papel delas esperado: estar em dia com todas as obrigações e fomentar o esporte em seus estados, seja realizando diretamente, seja apoiando seus clubes a realizarem torneios ou, no mínimo, não interferindo nas iniciativas de organizadores particulares que desejam realizar competições nacionais em seus estados (interferência esta imoral e ilegal, diga-se de passagem, uma vez que a Lei Pelé é clara quanto ao tema).

Repassar este percentual é uma sentença de morte para a CBX. A proposta demonstra a falta de conhecimento sobre a entidade que se pretendia administrar.

“Mudança da sede da CBX para uma capital de estado.

Por quê? Atualmente, a sede da CBX localiza-se na cidade de Santa Maria de Jetibá, no interior do Espírito Santo, o que dificulta imensamente a ida dos dirigentes de Federação às Assembleias e, consequentemente, dificulta o debate de ideias para o desenvolvimento do xadrez.”


Esta é uma daquelas que não afetam em nada o esporte, mas cabe um comentário: a sede da CBX está situada hoje em um Município que possui Lei própria determinando o ensino obrigatório do Xadrez em todas as escolas da rede pública. Santa Maria de Jetibá, sem qualquer contrapartida, auxilia o Governo do Estado no projeto “Xadrez que Liberta”, cedendo funcionários para as aulas, bem como o transporte dos mesmos para os presídios. Como o projeto cresceu e alcançou todas as unidades prisionais, fomenta com a cessão de seus funcionários para as capacitações necessárias dos agentes penitenciários. Enfim, é uma cidade comprometida com o Xadrez Educacional e com o Xadrez Social, duas das maiores bandeiras da CBX. Além disto, não há qualquer custo para a CBX, a sede está cedida sem ônus, inclusive com estagiários da Prefeitura para atendimento diário, sendo o espaço ainda utilizado para ensino e prática do Xadrez. Se alguma Capital puder oferecer condições parecidas, aí acho justo o debate. Agora, fazer discurso única e exclusivamente baseado na localização geográfica é um desserviço à comunidade enxadrística, até porque a localização da sede não é determinante para a realização de nenhuma AGO/AGE da CBX. Para se ter uma noção, em 2009, quando assumi a presidência, a primeira AGO e AGE (fizemos duas, em dois dias consecutivos) se deu em Vitória (uma capital). A maioria das federações se fez representar por procuração ou nem sequer mandou representante. Dentre elas, menciono PR e SC, as quais compareceram normalmente às 4 AGOs realizadas em Santa Maria de Jetibá (PR mandou procuração apenas em uma destas AGOs e SC se fez representar por seu Presidente Gilson).

Realização de Assembleias Extraordinárias para debate sobre a administração do xadrez, custeando a hospedagem e a alimentação dos Dirigentes de Federação para essas Assembleias e tornando-as abertas ao público.

Por quê? Para incentivar a transparência e o debate de ideias na comunidade enxadrística.


Concordo com a questão de se realizar AGEs, mas se o foco é abrir ao público, deve-se alterar a nomenclatura, pois as Assembleias Gerais só dão direito a voz e voto às federações. Uma audiência pública seria o mais correto. Agora, quando se entra na parte do custeio, novamente se demonstra o desconhecimento acerca da entidade. Vamos gastar o dinheiro da CBX, fruto das anuidades, para que representantes das federações tenham o benefício de viajar, ficar hospedado e comer de graça, apenas para que tais questões sejam discutidas presencialmente? Quanto será que custaria cada encontro deste? Vamos chutar por baixo que a média desses gastos, por pessoa, fosse R$ 1.500,00 (há federações mais distantes, cuja despesa de passagens seriam muito caras). Na última AGO tínhamos aptas a votar 16 federações, mas temos, salvo engano, outras 7 filiadas que teriam direito a voz e, portanto, direito de estarem na dita AGE (ou na audiência pública), perfazendo 23 representantes com direito a passagem, hospedagem e alimentação. Se realizássemos o evento na cidade do Presidente da CBX, supondo que outros diretores da entidade também morassem por perto e não precisassem desses custeios, bem como o representante da Federação deste Estado, seriam 22 participantes com esses custos, perfazendo R$ 33.000,00 (trinta e três mil reais). Acredito que este número fale por si mesmo. Qual seria o problema de se realizar uma vídeo conferência pelo Skype, por exemplo? Ou de se trocar e-mails ou criar um fórum on line para a exposição das ideias? Pela experiência que tive com a CBX, inclusive nos tempos de Presidente de Federação Estadual, o que percebo é que essa proposta é um discurso de alguns poucos representantes de Federação que gostam de palanque, não me parece nada com a ideologia dos membros relacionados na Chapa Novos Rumos.

“Maior transparência na prestação de contas da Confederação Brasileira de Xadrez, com publicação das contas no site oficial da CBX.

Por quê? Evitar práticas ilegais e imorais, como o superfaturamento de eventos e despesas de viagem.”


Este item é o que mais me chamou a atenção, muito embora não tenha qualquer efeito prático. Chamou a atenção porque a leitura menos atenta poderia levar o leitor a entender que a minha administração na CBX escondeu suas prestações de contas e cometeu práticas ilegais e imorais, superfaturando eventos e despesas de viagem. O Leandro Salles, que foi o candidato a Presidente da CBX e é meu amigo, esclareceu-me que não foi esta a intenção.

Mas, entrando no aspecto crítico da proposta, pergunto se seriam publicados apenas os lançamentos contábeis ou cópia de todos os comprovantes com os gastos de torneios, viagens, etc? Porque transparência tivemos de sobra, uma vez que tivemos por procedimento registrar em cartório todas as nossas prestações de contas. Assim, quem precisar de alguma informação, consegue uma cópia integral com fé pública dos livros contábeis específicos, o que é muito mais oficial do que balancetes publicados no site. Nunca me preocupei com isto particularmente, pois a gestão anterior à minha tentou implementar e não deu muito resultado tais publicações, apenas trabalho. Diante do feedback que tive da administração anterior, concentrei meu tempo disponível para a CBX para produzir algo mais útil para a entidade.

“Definição de critérios claros para a escolha das sedes de torneios oficiais.
Por quê? Para aumentar a qualidade dos eventos, tornar mais objetiva a definição de sedes e evitar o privilégio a alguns organizadores.”


Mas os critérios de hoje não são claros? Cito como exemplo o Brasileiro Amador de 2011. Um Clube fez proposta, ofertou dar uma premiação de R$ 1.000,00, salvo engano. Eu fiz as contas e percebi claramente que esta premiação poderia ser melhorada. Não recebemos nenhuma outra proposta. O proponente não quis alterar a efetuada. A própria CBX realizou o evento e deu a premiação em dobro. O critério é uma conjunção de fatores: local, inscrição, valer FIDE ou não, disponibilidade hoteleira e custos de hospedagens da região, facilidade para se chegar ao local, etc.

Lembro que muita gente reclamou que o FENAC seria realizado em 2008 e em 2010 em Santa Maria de Jetibá. Pois bem, apesar de ser interior, a proposta incluía transporte gratuito dos participantes de Vitória para SMJ e o retorno para Vitória. A disponibilidade hoteleira era ótima e os preços super baixos. A inscrição praticada foi a menor de todos os FENACs realizados nos últimos anos. A proposta incluía brinde para os participantes, enfim, uma série de fatores que a tornaram irrecusável. E o resultado foi o recorde de participantes nas duas edições.

"Auxílio às Federações, organizadores e árbitros no cumprimento do Regulamento de Torneios, na promoção dos eventos e na captação de recursos.

Por quê? Dada a já existente dificuldade em se organizar torneios de xadrez no Brasil, a CBX deve auxiliar Federações, organizadores e árbitros a cumprirem as obrigações burocráticas de documentação dos eventos e a captar recursos junto às iniciativas públicas e privadas."


Mas se a CBX não será a organizadora, não se pressupõe que o candidato a tal mister tenha a competência necessária para essa busca? Veja bem, se a própria CBX terá que correr atrás de patrocinadores, documentação para captação de recursos privados e públicos, auxiliar no cumprimento ao Regulamento de Torneios, na promoção, etc, é melhor que a própria CBX realize os eventos. Essa proposta é, trocando em miúdos, o seguinte: a CBX trabalha e o organizador lucra! Não tenho nada contra o organizador lucrar, mas entendo que o mesmo deve trabalhar para isto e não a CBX. Sinceramente, não consegui ver, novamente, a mente dos nomes que compunham a Chapa Novos Rumos nesta proposta sem cabimento, haja vista que o próprio Leandro é um cara que não tem qualquer problema em correr atrás e fazer acontecer (vi isto muito bem na realização da etapa do Pré-Olímpico Feminino em Curitiba, em Ago/2011). Eu seria capaz de dar “all in” que essa proposta não partiu do candidato à presidência.

"Busca da regularização da CBX junto ao Governo Federal.

Por quê? Hoje, a CBX não pode obter recursos junto ao Governo Federal devido a pendências legais. Deve-se buscar vias de resolução deste impasse para dialogar com a esfera Federal."


Essa proposta, digamos, não é de todo furada. Ela apenas tem defeito em sua formulação, porque faz parecer que em 4 anos a CBX nada tentou fazer quanto a este problema. Aliás, relembrar é viver! O problema junto ao Ministério do Esporte é referente ao Pan Americano de 1998, realizado em SANTA CATARINA. Portanto, não foi nenhuma prestação de contas não apresentada pela atual gestão da CBX, nem sua antecedente e nem a antecedente da anterior, como alguns costumam temerariamente espalhar. A CBX tem ciência e batalha neste assunto desde o seu primeiro conhecimento, em Abril de 2007, ainda na gestão antecedente, conforme se vê nos comunicados CBX 193 (30/04/2007) e 202 (23/05/2007), ambos ainda constantes do site da CBX.

Na nossa gestão, tentamos por diversas vezes a resolução do problema. Logo no início de 2009 verificamos que o Ministério do Esporte havia aceitado parcialmente a documentação e calculado uma dívida de pouco mais de 40 mil reais. Protocolamos ofício solicitando a expedição da guia de pagamento e o parcelamento, caso possível. Tivemos como resposta um ofício que informava que era para desconsiderarmos aquele cálculo e que a glosa era sobre toda a prestação de contas, determinando a substituição dos documentos fiscais (lembrando que o evento e os pagamentos foram em 1998, portanto, 11 anos antes!).

A questão ali não é técnica, é política. Há uma força estranha atuando contra a CBX, sabe-se lá por quais motivos. Um exemplo disto é que há uma norma que dá à CBX o direito de ter esse convênio arquivado, pela época em que foi firmado, pelo valor de registro e pelo fato de ter sido feita a apresentação das contas no tempo hábil, tendo a mesma sido aceita anos atrás, para em 2007, sem qualquer explicação, ser desarquivada e rejeitada da forma absurda como foi.

Acredito que a Chapa Novos Rumos não tinha conhecimento de toda a situação, porque se tivesse e ainda assim fizesse a proposta nos termos como foi colocada, estaria agindo de má-fé, dando uma falsa impressão à comunidade de que estivemos inertes e que o problema teria sido gerado por nós, o que não se coaduna com a conduta da pessoa que encabeçava a chapa.

Estas são as minhas considerações sobre as propostas da Chapa Novos Rumos. O desconhecimento sobre algumas situações era notório e explicável, pois são jovens cheios de ideias, que decidiram de última hora embarcar na disputa, sem informações essenciais para a formatação dos pensamentos que lhes vieram no momento da formulação. Quando ainda não me imaginava Presidente da CBX, sendo Presidente de Federação, tive várias discussões de ordem técnica com o então Presidente da CBX. Este, com muita sabedoria, mostrou-me que eu não estava de todo errado, apenas estava pensando sem conhecer algumas peculiaridades da entidade. Eu não sai disparando na internet contra ele, ao contrário, dialoguei e entendi o que o levava a não fazer certas coisas que me pareciam óbvias.


TS: É fato que nos 4 anos que você passou na presidência da CBX, muita coisa aconteceu. Já vimos você se orgulhar pelo grande aumento de torneios FIDE e outros tantos causos resolvidos. Entretanto, não há como negar que por ser o primeiro quadriênio que você passou no cargo máximo da Confederação Brasileira, a falta de experiência deve ter atrapalhado um pouco nesse período. Você se arrepende de alguma coisa feita nesses 4 anos? No caso de uma re-eleição futura, você fará algo diferente?

Pablyto: Sem dúvida alguma eu não tinha experiência com os comportamentos políticos. É fácil constatar, até porque é fato público, que eu caí em muitas provocações e acabei me envolvendo em algumas discussões que poderia ter ignorado. Nesse mesmo campo, portanto, eu me arrependo de ter dado atenção demais a algumas pessoas, eu deveria ter filtrado um pouco mais e poupado energias.

Entrevista com Pablyto Robert, ex-presidente da CBX DSC_7175

TS: Pudemos perceber, salvo engano, que na página da CBX não houve parabenizações por parte de você por conta da eleição do Darcy. Você não quis concorrer a reeleição alegando motivos profissionais, etc. Houve algum desentendimento entre você e o Darcy?

Pablyto: Bom, na página da CBX não há local para comentários. Na fã page no Facebook, ainda no dia da eleição, logo após o término da mesma, eu fiz a postagem do resultado. Eu parabenizei ao Darcy pessoalmente e saí para almoçar com ele, em comemoração, naquele mesmo dia. Após este dia, mantivemos contato para a transição e outra reunião presencial para questões de funcionamento de sistema, etc. Regularmente eu tenho curtido as novas ações divulgadas na Fã Page no Facebook e por e-mail sempre parabenizo o amigo pelas novas conquistas. Acho que as pessoas procuram muito pelo em casca de ovo. O próprio Darcy, ainda antes da eleição, consultou-me se eu não ficaria pelo menos em algum outro cargo na CBX e eu expliquei que os motivos eram os mesmos, afinal a dedicação em qualquer dos cargos é diária, não é uma atuação em um período específico do ano. Até terminar a minha pós, caso eu não emende um mestrado, não terei disponibilidade para diariamente colaborar. Não há qualquer desentendimento entre nós e nunca houve razão para isto. A minha amizade e admiração pelo GM continuam as mesmas.


TS: Houve várias reclamações em relação a torneios de menores relativas à desorganização, preços exorbitantes, etc. Embora tenha havido muitas reclamações, o número de pessoas que as postou na internet foi bem menor (por vários motivos, tais como: medo de represálias, apatia, por achar que não ia dar em nada, etc.) Independente do número de pessoas que reclamou, dada a gravidade das reclamações, quais sejam: preços exorbitantes dos hotéis, falta de informações, não cumprimento do que estava especificado no folder, etc. não seria o caso de apurar o ocorrido e dar esclarecimentos convincentes á comunidade enxadrística?

Pablyto: É difícil responder perguntas genéricas. Houve torneios de menores em 4 estados diferentes nos 4 anos em que estive na Presidência da CBX, isto se falarmos somente em FENAC: 2009 – PR (Londrina), 2010 – ES (Santa Maria de Jetibá), 2011 – SP (Catanduva) e 2012 – RJ (Mendes). Houve algumas reclamações acerca de 2012, mas eram infundadas, pois o Folder não estabelecia que nenhum participante deveria se hospedar em hotel que a organização indicasse. Eram livres para se hospedar onde quisessem. O preço da inscrição foi o que estava no folder, o torneio valeu FIDE/CBX, como estava no folder, etc. E nenhuma reclamação oficial chegou à CBX até o dia 31/12/2012. Como apurar e dar esclarecimentos convincentes de reclamações que não foram feitas? E te digo mais, só tomei conhecimento dessa questão de reclamação de hotel que desmontei acima, porque li em um site que criaram com o único propósito de atacar politicamente a CBX. Enfim, nem mesmo em um site totalmente parcial e com propósito político, conseguiram levantar reclamações fundadas e suficientes para se fomentar algum debate.


TS: Ser presidente da CBX é um cargo importante. Naturalmente haverá sempre críticas e questionamentos com e sem nenhum fundamento. Em muitos momentos, o Pablyto, não o presidente, despido do "manto" de Presidente da CBX veio às redes sociais querendo responder a todas às questões, pertinentes ou não, exageradas ou não, o que muitas vezes provocava discussões "dignas de bar" e direcionadas mais para o lado pessoal de ambas as partes. Nós do Tabuleiro Social agradecemos essa aproximação e achamos extremamente válida, todavia vemos pessoas mais experientes na “política enxadrística” fazer exatamente o contrário, como o GM Darcy Lima, atual presidente da CBX que já disse abertamente que é “o único político que não dá entrevistas”. Como você avalia essa questão?

Pablyto: Acredito que isto seja pessoal de cada um. Como disse anteriormente, em alguns casos, eu deveria ter sido como o Darcy. Acho que ele está certo em seguir a linha dele, pois é como ele se sente melhor. Eu, por me sentir melhor colocando para fora e demonstrando o quão mentirosas eram as acusações, acabei me desgastando desnecessariamente em alguns casos. Por sorte, nos casos em que exagerei com pessoas que não mereciam, tudo foi devidamente esclarecido e perdoado. Com o tempo, eu aprendi a separar o joio do trigo, por assim dizer. Mas agradeço o reconhecimento ao meu esforço de estar sempre disponível e ser transparente com vocês.


TS: Há alguns boatos que os enxadristas puderam observar um comportamento algo autoritário de sua parte, do tipo: “Eu sou o presidente da CBX” falando em alto e bom som, quando surgia alguma confusão em algum torneio. Falou-se que na Olimpíada, por exemplo, a escalação da equipe feminina em algum momento teria sido imposta por você. Além disso, houve jogadores que não ficaram nem um pouco satisfeitos com o Moskalenko e nem faziam questão de conversar com ele. O que há de verdade nisso?

Pablyto: É, não passam de boatos mesmo. E digo onde e quando surgiu esse boato: Campeonato Brasileiro Amador 2011, onde um jogador mais exaltado após uma derrota, falava em tom muito alto dentro do salão de jogos. Eu, que era o diretor do torneio, perguntei o que estava acontecendo, tentei remediar a situação e, em dado momento o cara xingou alto e virou as costas. Eu o expulsei do torneio e ele foi para o Orkut com essa mentira de que eu gritei que era “autoridade máxima do xadrez brasileiro” (risos). Ele foi desmentido por jogadores que presenciaram o fato, até mesmo um que tinha um blog que havia soltado uma carta aberta contra a CBX coisa de 3 meses antes desse fato. Até quem me criticava, na época, saiu em minha defesa, porque viu que eu não usei o meu cargo para nada. E expulsei o cara corretamente, porque ele realmente extrapolou todas as barreiras do aceitável.
Sobre a olimpíada, bom, eu até poderia impor escalação em 2010, pois era chefe de delegação. Mas não o fiz nenhuma vez e isto pode ser questionado às jogadoras e ao MF Alvaro Aranha. Em 2012, como todos sabem, eu estava arbitrando. Nem no mesmo hotel ficava. Só encontrava as meninas e o Alvinho no salão de jogos. Só sabia a escalação quando saia no site. Já na questão do técnico, os jogadores pediram alguém para preparação de aberturas. Ninguém sugeriu nenhum nome. Pesquisamos algumas opções e chegamos a um bom termo com o Moskalenko, que tem curriculum suficiente para o cargo. Quando postamos no face da CBX, o Krikor, por exemplo, foi um dos primeiros a curtir e parabenizar! Assim, se houve mesmo esse clima ruim, eu não fiquei sabendo, pois estava em outro hotel. E sempre que via o Moskalenko no torneio, ele parecia estar se dando muito bem com os jogadores. Ninguém fez qualquer reclamação comigo sobre o cara. Fica difícil falar sobre algo que nunca chegou ao meu conhecimento e que os meus olhos viam de forma diferente durante a olimpíada.


TS: Pablyto, muito obrigado por essa entrevista, creio que os enxadristas brasileiros se deliciarão com todas as respostas. Por fim, se você pudesse falar algo para todos aqueles que acompanham o xadrez nacional, o que diria?

Pablyto: Eu é que agradeço o espaço e a oportunidade, especialmente com uma entrevista que fugiu ao tradicional e entrou nos pontos sensíveis. Há quem diga que para uma mentira se tornar verdade, deve-se contar 1000 vezes. E tinha muita gente fazendo isto. Com essa entrevista, a verdade está posta, de forma clara e sem anonimato. Aos enxadristas eu só posso dizer que sou muito grato por terem contribuído para que nossa gestão fosse exitosa e me desculpar por qualquer coisa que possa ter deixado de fazer melhor.


TS: Um grande abraço da equipe Tabuleiro Social.

Pablyto: Abraço e sucesso para o site!
Ir para o topo Ir para baixo
Compartilhar este artigo em: reddit

Entrevista com Pablyto Robert, ex-presidente da CBX :: Comentários

Leon Mendes
Re: Entrevista com Pablyto Robert, ex-presidente da CBX
Mensagem Qui 07 Mar 2013, 17:53 por Leon Mendes
Parabens Eder pela entrevista Entrevista com Pablyto Robert, ex-presidente da CBX 2854976891!
Eder Appel
Re: Entrevista com Pablyto Robert, ex-presidente da CBX
Mensagem Sex 08 Mar 2013, 07:03 por Eder Appel
Que nada Leon!
Parabéns a equipe Tabuleiro Social.. e isso quer dizer que você merece tanto quanto eu. ;)
Eder Appel
Re: Entrevista com Pablyto Robert, ex-presidente da CBX
Mensagem Sex 08 Mar 2013, 09:41 por Eder Appel
Sinceramente, alguém aqui leu a entrevista INTEIRA? Ou eu, Pablyto e algumas outras pessoas citadas nelas, fomos os únicos?
 

Entrevista com Pablyto Robert, ex-presidente da CBX

Ir para o topo 

Página 1 de 1

 Tópicos semelhantes

-
» Presidente Darcy Lima quebrando regulamentos da CBX?
» Entrevista com Carlos Capivara
» Copa do Mundo FIDE Khanty-Mansiysk
» Entrevista com GM Viktor Moskalenko
» Entrevista com a WFM Juliana Terao

Permissões neste sub-fórumNão podes responder a tópicos
Tabuleiro Social :: Central de Controle :: Blog :: Tabuleiro Social-
Ir para: