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 Crônicas de Xadrez

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PandãoPandão

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MensagemAssunto: Crônicas de Xadrez   Crônicas  de Xadrez Ts10Dom 23 Out 2011, 08:30

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Poste aqui suas histórias ou contos de xadrez.



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PandãoPandão

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MensagemAssunto: Re: Crônicas de Xadrez   Crônicas  de Xadrez Ts10Dom 23 Out 2011, 08:57

Histórias curtas

O Mestre pode

Um forte amador pediu ao GM mexicano Carlos Torre que analisasse uma de suas partidas. Torre não queria perder tempo com partidas de capivara, mas o jogador tanto insistiu que Torre concordou, embora sob uma condição: pararia a análise assim que constatasse um erro gravíssimo. Ficou combinado. O sujeito começou a mostrar a partida: 1.e4 e6 2.d4 d5 3.Cc3 Cf6 4.e5 ...Cg8. "Pode parar - disse Torre - esse lance preto é horroroso." O homem replicou: "Não é bem assim, maestro, a idéia do recuo do cavalo é sutil. Nimzowitsch, por exemplo, já experimentou esse lance e venceu!" Ao que Torre respondeu: "Nimzowitsch é um gênio, ele pode jogar isso. Mas você não, você tem que respeitar as regras de desenvolvimento das peças." Ah se todos nós lembrássemos dessa história!

Nomes curtos

O jovem Leonid Stein tinha acabado de perder para o veterano GM Salo Flohr. Para consolá-lo, Flohr contou uma piada: "Não fique triste. Olha, em breve os nomes curtos vão ser melhores do que os nomes longos. Veja por exemplo Liliental, um grande jogador no passado. Agora, quem se destaca é Tal. Com você vai ser assim também. Em breve, Bronstein vai ter que ceder o lugar para Stein!". Poucos anos depois, a "profecia" foi cumprida: Stein venceria três campeonatos soviéticos!

Com tabuleiro

Richard Réti e Alexander Alekhine encontraram-se no trem e começaram a analisar uma posição às cegas (sem o tabuleiro nem as peças, só de memória). Depois de alguns minutos, Alekhine virou-se para Réti e disse: "Olha, todos sabem que nós dois somos os melhores jogadores às cegas do mundo. Por que então não utilizamos um tabuleiro de verdade?".

Grande fígado.

O GM inglês Blackburne foi um dos mais fortes jogadores do mundo nas últimas décadas do século XIX. Na lista de suas vítimas, incluem-se Steinitz, Tchigorin, Em. Lasker, Tarrasch, Pillsbury e Alekhine. Suas partidas eram especialmente inspiradas pelas bebidas alcoólicas. Conta-se que ele era capaz de esvaziar duas garrafas inteira de uísque numa sessão de partidas simultâneas. Morreu aos 83, idade bastante avançada para quem viveu, e bebeu, na sua época. Um grande cérebro e, pelo visto, um grande fígado.

Melhor para ele.

Partida amistosa de uma amador contra um forte jogador. Ao amador dirigiu-se a Emanuel Lasker, que observava o jogo, e perguntou: "Qual o melhor lance nessa posição?". Lasker respondeu: "Jogue g2-g4." O pobre incauto seguiu o conselho e, inesperadamente, seu adversário respondeu com a dama, que deu o mate. Estarrecido, o indivíduo virou para Lasker e perguntou, meio sem acreditar, meio furioso: "Mas o senhor não disse que essa era o melhor lance?". "Sim - respondeu Lasker - o melhor para seu adversário." No fundo, essa era a maneira de jogar xadrez de Lasker: ele encaminhava a partida para posições em que seus adversários, perplexos, se interrogavam: "essa posição é boa, é óbvio, mas para qual de nós dois?"

Sumiço da torre.

Na União Soviética, havia uma tipo de simultânea dada por dois grandes mestres que jogavam alternativamente. O GM1 fazia o lance contra todos os tabuleiros, que, em seguida, respondiam. Era então a vez do GM2 fazer os lances em cada tabuleiro. Depois das respectivas respostas, o GM1 retornava e assim a partida continuava. Certa vez, Averbach foi jogar um lance quando percebeu que estava com a torre a menos. Mesmo com a posição perdida, ainda fez dois ou três lances. Depois que a exibição acabou foi conversar com Bondarevsky: "Como é que você perdeu aquela torre?". Ao que Bondarevsky replicou: "Ué, eu perguntar exatamente isso!". Os dois se olharam e perceberam que tinham sido roubados pelo esperto amador.

Mídia.

Um grande mestre soviético ia participar de um programa na tevê de Moscou e estava um tanto nervoso. Pediu que a Mikhail Tal que fizesse uma sugestão: "O que devo falar amanhã, Misha?". Tal, sempre muito bem humorado, respondeu: "Diga para que ouçam o rádio. Estarei dando uma entrevista no mesmo horário!"

Ele "enxerga"!?.

O GM alemão Friedrich Sämisch dava uma exibição de simultâneas às cegas (sem ver o tabuleiro, jogando só com a memória). Na platéia, uma linda moça observava tudo com atenção. E Sämisch, claro, não tirava os olhos de cima da dama. No final da simultânea, a jovem não se conteve e protestou: "Isso é uma fraude. Ele não é cego conversa nenhuma. Enxerga tudo perfeitamente!"

Short e os malucos.

Numa entrevista, o GM inglês Nigel Short comparou os tipos de stress que atingem as diferentes modalidades esportivas. No futebol, o jogador se contunde e é tratado por um médico ortopedista e um fisioterapeuta. E no xadrez? O equivalente da contusão é o stress, e, em casos mais graves, os distúrbios mentais. Nestes casos, os profissionais indicados são o psicólogo e o médico psiquiatra. Entretanto, poucos jogadores são capazes de admitir a necessidade de recorrer a esse tipo de profissionais. Existe preconceito ("Psiquiatra é coisa de maluco ou de madame"). Sensato, Short descarta a idéia de que o xadrez produza loucos. É o contrário: o xadrez tem alguma coisa que parece exercer uma grande atração sobre os malucos.

Índios enxadristas

Edward Lasker escreve: “O escritor portugûes do século XVIII, De Barros registra o seguinte fato: Diego López, comandante da primeira expedição portuguesa, ao chegar diante de Málaca em 1509, estava jogando xadrez com um dos seus homens, quando um índio da tribo dos Bataks subiu a bordo. Este reconheceu imediatamente o jogo e discutiu com López a forma das peças de xadrez usadas na sua tribo”!“ Idêntica constatação foi feita por um curador da Universidade de São Petersburgo, que foi ao norte da Sibéria, em 1895, realizar estudos etnológicos e verificou que todas as tribos - Samoyedes, Tungusianas, Yakuts - tinham entusiásticos jogadores de xadrez. Escreveu ele: "uma partida dura horas e muitas vezes não termina senão no dia seguinte. A excitação, não raro, leva os jogadores a aumentarem as suas apostas ao ponto de a derrota no jogo envolver a ruína absoluta do vencido. Para começar, apostam-se as renas; depois os cães; depois as roupas; em seguida, todos os bens de um homem; e no final, até mesmo as mulheres são apostadas…"

FONTE:
http://www.tabuleirodexadrez.com.br/curiosidades-do-xadrez.htm

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Leon MendesLeon Mendes

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MensagemAssunto: Re: Crônicas de Xadrez   Crônicas  de Xadrez Ts10Qui 27 Out 2011, 07:29

As novas aventuras do Inspetor En Passant

-Alguém quer nos exterminar! queixou-se o velho banqueiro.

-Até que não seria tão mau...resmungou entre dentes o inspetor En Passant, que já tinha ouvido umas e outras do banqueiro Latron e depois perguntou sério:

-Do que se trata afinal?

-Em curto espaço de tempo, continuou o velho Latron, três acionistas do nosso banco morreram em circunstâncias misteriosas. Henry foi atropelado por um automóvel, Jacques foi encontrado asfixiado no fundo de um poço, Louis explodiu junto com seu avião particular...

-Me lembro, suspirou En Passant, estivemos investigando o caso...

-Mas não encontraram nada, não é mesmo? E agora só sobramos nós 4.

-E quem são esses "nós"?

-Você deve saber que nosso banco é uma empresa familiar. Ainda no século passado, quando fundaram o banco, constituiram o sistema administrativo e a transmissão do poder da seguinte forma: um Presidente seguido por 2 vices, que por sua vez são seguidos por 2 diretores e por fim mais 2 assessores - ao todo sete elementos - que distribuem tanto os lucros quanto as responsabilidades em proporções decrescentes, conforme o cargo, informou o velho Latron, prosseguindo:

- O presidente do banco sou eu. Meus vices: o finado Henry, e meu sobrinho Albert; meus diretores: os falecidos Jacques e Louis...

-E quem está na base dessa escadinha de poder?

-Meus dois sobrinhos, os irmãos Desirré e François, que agora
deveriam ser promovidos, mas devido às atuais circunstâncias resolvemos não fazer alterações.

-E como são esses jovens?

-Nem parece que são irmãos, queixou-se o velho Latron: François não se importa nem um pouco com nosso circunspecto trabalho, é mulherengo, bebe e ainda por cima, pinta. Em compensação Desirée é o primeiro a chegar ao banco o último a sair, se interessa por todo pedaço de papel. Ele será o futuro grande chefe, o legítimo herdeiro dos Latrons.

-Humm, disse o pensativo En Passant, e, virando-se para seu assessor Piéce Touchée:

-O que você sugere?

-Que tal fazer uma investigação na casa dos três parentes?

-Tive uma ótima idéia, disse En Passant, virando-se para Latron.

-Vamos fazer uma investigação na casa dos seus 3 sobrinhos; será que daria para convocá-los para uma reunião inesperada?

Alguns dias depois Latron fez o chamado para a reunião, da qual nenhum familiar pode se esquivar. Nesse meio tempo, os homens de En Passant vasculharam o edifício onde moravam os três parentes, encontrando seguinte: no apartamento de Albert, 1500 fotos de nus artísticos, perfeitamente catalogadas: no apartamento de François, diversos quadros não vendidos e um monte de tintas, que segundo o perito, poderia ser usadas como veneno; só no apartamento de Desirée é que não encontrarem nada. Já queriam se afastar do prédio, quando no salão de jogos um dos policiais gritou:

-Um tabuleiro montado!

Chamaram En Passant imediatamente, já que era notório o seu envolvimento com o jogo. Ele veio acompanhado do "expert" de xadrez, o filhinho do detetive Piéce de Touchée, que, olhando com enfado para o tabuleiro, declarou com uma ponta de desprezo.

-É um problema de xadrez. Mate em nove lances
Crônicas  de Xadrez Latron1

-E como se resolve o problema? - perguntou o inspetor.

-A solução é a seguinte: 1.Rb7 Qxb7 2.Bxg6+ Kxg6 3.Qg8+ Kxf5 4.Qg4+ Ke5 5.Qh5+ Rf5 6.f4+ Bxf4 7.Qxe2+ Bxe2 8.Re4+ dxe4 9.d4 mate
Crônicas  de Xadrez Latron2
Isto é, para resolvê-lo, as brancas têm que sacrificar todas as suas peças e dar o mate com o peão remanescente.

-Como é que é mesmo?, perguntou surpreso Piéce Touchée. Então todas as figuras brancas têm que morrer e a menor de todas é que dá o mate? Mas, os Latrons são sete e pelos indícios o assassino quer eliminar seis para depois ser ele o vitorioso!

Começo a entender, disse En Passant, mas quem será a próxima vítima?Vejamos, disse excitado seu assessor, as figuras de xadrez têm seus valores definidos. A mais forte é a dama, seguida das 2 torres, seguidas dos bispos e ou cavalos, e por último os peões. Os 3 primeiros assassinatos correspondem ao organograma da família Latron, às 3 peças sacrificadas no problema: a torre o bispo e o cavalo... a torre sacrificada no início, corresponde ao Vice-Presidente Henry, o bispo ao diretor Jacques, o cavalo ao diretor Louís. Depois vem um peão, isto é, Desirée ou François... A dama a ser sacrificada em e2 significa o velho Latron... Depois vem a outra torre em e4, isto é, Albert. E por fim, permanece um único peão, Desirée ou François. Só precisamos saber quem é que gosta de xadrez.

Chamaram o velho Latron. Contaram o que haviam descoberto. Mas não conseguiram deduzir quem era o assassino porque o tabuleiro estava no salão comunitário e tanto Albert, quanto Desirée e François eram enxadristas fanáticos.

-É óbvio do que se trata, disse Latron, o assassino vai ser o peão, meu sobrinho inútil, François. Prendam-no!

En Passant estava inclinado a atendê-lo, pois seus chefes há tempos que vinham pressionando-o para resolver o caso dos assassinatos da Casa Latron, mas Piéce Touchée sussurou-lhe alguma coisa...

-Por enquanto não vamos prender ninguém, decidiu En Passant, mas vamos seguir os passos do suposto assassino.

-10 dias depois prenderam o assassino, quando pingava veneno no copo de outro Latron. No flagrante confessou tudo, mas ficou muito surpreso pelo fato da polícia ter pressentido suas ações, tão artisticamente planejadas.

Pois é, você deixou todo o plano do crime exposto... sorriu En Passant.

-E quem era o assassino?

Não, não era François, mas o bem-educado Desirée.! Piéce Touchée havia notado que o simbolismo do problema era tão perfeito que devia ser observada também a naturalidade de cada peão. Os peões se movem nas colunas "d" e "f" e estas letras são também as iniciais dos nomes Desirée e François. No problema, o peão sacrificado é o peão "f" e o peão "d" é o que sai vitorioso! Suas suspeitas se confirmaram. Desirée se preparava para envenenar seu irmão François, quando foi flagrado...

Traduzido do livro " As novas aventuras do Inspetor En Passant" de Gyorgy Bakcsi

TEXTO ENVIADO PELO PANDÃO


Última edição por Leon Mendes em Qui 27 Out 2011, 07:56, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Crônicas de Xadrez   Crônicas  de Xadrez Ts10Qui 27 Out 2011, 07:37

Poesia

O rei come o peão
A dama desaba diante do cavalo
Um mísero cavalo!

Os bispos e as torres armam um xeque
Mas num golpe de mestre
Quem era fraco se fortalece

O rei dança com a dama
E dão-se as mãos e dão-se as bocas
Mas há o flerte daquele peão
Que conspira contra essa paixão

O rei come o peão
Mas a dama morre violentada
Por aquele maldito cavalo!

O rei jura vingança
E arquiteta uma revolução
Avança as torres, aciona os bispos
Libera os cavalos e congrega os peões

A sorte é uma mãe besta
Uma dádiva traiçoeira
Enquanto a morte, essa condessa,
Uma madrasta justiceira

- Morte ao rei negro!

Porém, no último instante
No minuto de misericórdia
Uma revelação:

- O quê?! A dama tinha um amante?!

E era justamente aquele peão
Que o rei matou sem perdão

E dizem, por maldade talvez
Que não foi o cavalo quem matou a dama
Mas sim a própria dama
Que se jogou em sua frente

De tanta dor e aflição
Que tinha no coração

(André Augusto Passari)
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MensagemAssunto: Cavaleiros Medievais   Crônicas  de Xadrez Ts10Qua 14 Dez 2011, 16:34

Crônicas  de Xadrez Castelo

O filho único de uma rainha na antiga Índia morre assassinado e nenhum súdito tem coragem de informá-la de que o trono não tem mais herdeiro. Um filósofo é chamado para resolver o impasse. Sua solução vem na forma de um tabuleiro quadrado – dividido em 64 quadrados menores e 43 figuras entalhadas em madeira – as peças de um novo jogo, o xadrez cujo objetivo é levar o rei à morte através do “xeque-mate”. O filósofo, após expor todas as regras minuciosamente – joga uma partida com um discípulo diante da rainha. Quando o jogo chega ao fim com um dos reis caído, ela compreende: “Meu filho está morto!”. Esta velha lenda sobre a origem do xadrez revela uma das características mais intrigantes deste jogo: o movimento regrado das peças nos limites geométricos do tabuleiro parece capaz de representar as realidades mais caóticas do mundo exterior – como o assassinato de um príncipe.

Com as regras um tanto diferente das atuais – estima-se que o xadrez tenha surgido na antiga Pérsia (Atal Irã) entre os séculos V e VI. Não tardou para que este novo jogo seja amplamente difundido após a Pérsia ter sida incorporada ao grande império Bizantino, chegando rapidamente à Europa medieval. Um tratado moral do monge Jacobus de Cessolis, no século XIII, tornou-se muito popular o uso destas peças de xadrez como alegoria da sociedade medieval. Aliás, os modelos das peças que se utilizam hoje seguem fiel o imaginário daquele tempo, há 800 anos: peões, torres, cavalos, bispos um rei e uma rainha.

No entanto, o xadrez com suas propriedades racionais foi o jogo preferido de iluministas como Voltaire e outros. Benjamin Franklin recomendava a prática do xadrez como atividades nobres para fixar valores morais e intelectuais como a perseverança e a precaução. O xadrez, portanto, serviu igualmente aos moralistas medievais e aos fundadores da revolucionária república norte-americana.

Há razões objetivas que justificam a universalização do xadrez como metáfora ou matriz para as mais diversas atividades comportamentais humanas. O resultado de uma partida de xadrez depende exclusivamente da habilidade dos jogadores. Trata-se, portanto, de uma atividade mental que exalta o livre-arbítrio – e não o acaso ou sorte. Também é uma atividade transparente em que toda a informação necessária para se chegar à vitória está colocada à vista de ambos os contendores - ao contrário, como por exemplo, do pôquer em que impera o blefe ou de outras atividades esportivas que dependem até do contato físico. E a despeito desta destreza – o xadrez é um jogo cujas propriedades matemáticas apontam para o infinito: depois de apenas quatro lances o número de configurações possíveis no tabuleiro chegam a 315 bilhões - e até o final da partida, este cálculo salta para uma progressão geométrica de trilhões, quatrilhões, quintilhões e aí por diante. Isto ficou muito bem claro no filme “O Sétimo Selo” - do sueco Igmar Bergman onde um cavaleiro joga xadrez com a morte fazendo alusão de que o xadrez é um flerte com o infinito. Daí a prática de se adotar o relógio de xadrez para limitar e determinar os finais das partidas.

Em casos extremos, o xadrez também é considerado como um namoro com a loucura. Tem-se registro de vários campeões de xadrez que se viram assolados pela doença mental. O austríaco Wilhelm Steinitz, cujo estilo científico foi inovador no século XIX chegou a afirmar que jogara com Deus e fora vencedor. Teve de ser internado em um asilo para doentes mentais. O caso mais famoso da loucura é o norte-americano Robert Fischer (Bobby Fischer) que faleceu recentemente em seu castelo na Islândia onde resolveu viver recluso e isolado do contato com o mundo. Fischer foi o caso clássico de um gênio que venceu sua primeira partida profissional aos 13 anos. Corria o ano de 1956 quando este menino se dedicava exclusivamente ao estudo dos problemas enxadrísticos mais intricados e tinha uma séria dificuldade em manter um diálogo, por mais curto que fosse, que não versasse o xadrez. Em 1972 tornou-se o primeiro enxadrista fora do eixo da grande União Soviética a se tornar campeão. Porém, após a vitória histórica sobre o russo Bóris Spassky Fischer se retirou da vida pública e se negou a competir e defender seu título mundial. Sua crescente instabilidade emocional chegou ao limite da paranóia que, em entrevista a uma emissora de rádio nas Filipinas, Fischer, em discurso nervoso e torrencial - manifestou seu apoio ao atentado que derrubou as Torres Gêmeas do 11 de setembro de2001.

Ainda não existe uma teoria convincente para explicar o grande número de “malucos” - entre os gênios do xadrez, porém é seguro e comprovado que este esporte por si só não é a causa destes fatos. Os estudos revelam o contrário – que o xadrez traz vantagens para seus diletantes. É, sem sombra de dúvidas, um método sem igual para desenvolver o raciocínio abstrato. O xadrez é como uma obra de arte – é um universo auto-suficiente contido em si mesmo e que, no entanto, pode presentear o mundo, pois, também é verdade que jogar xadrez é a última tentativa humana de conviver inteligentemente com o infinito.
CURIOSIDADES: o xadrez serve de modelo para as mais variadas áreas do conhecimento e inspira diversas obsessões.
· O xadrez é o jogo favorito dos pesquisadores da inteligência artificial. O sonho de construir um computador capaz de derrotar o gênio humano no tabuleiro tornou-se realidade em 1997 quando Deep Blue, da IBM venceu o campeão mundial Garry Kasparov em uma série de partidas.

· A santa Católica Teresa de Ávila, no século XVI, recorria ao xadrez para ensinar as disciplina da oração. Segundo seu entendimento – assim como era necessário arrumar as peças no tabuleiro antes de jogar, o fiel, neste caso o Cristão, deve antes de tudo cuidar das virtudes básicas.

· Escritores como Lewis Carroll e Vladmir Nabokov incorporam o xadrez em suas obras. O artista francês Marcel Duchamp, que por algum tempo trocou a arte pelos tabuleiros – também tinha uma apreciação estética do jogo. Insistia em afirmar que todos os jogadores de xadrez são artistas, cada um em seu estilo e forma.

· Se por um lado existem seus apreciadores – a história também mostra aqueles que vêem no jogo de xadrez algo danoso para fé e seus fundamentos religiosos – como foi o caso do sábio judeu Maimônides, o rei francês Luis IX (conhecido por São Luís) o aiatolá Khomeini do Irã e pelos talibãs no Afeganistão.

fonte:http://cronicasdobfxc.blogspot.com/
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